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Rastros Gatunos: a última parada do “Bandido das 7 Vidas”

No início dos anos 1980, um assaltante e estuprador em série ganhou destaque nas mídias nacionais. Seu nome era Fernando Soares Pereira, mais conhecido como Fernando da Gata. Fernando nasceu em 1961 na pequena cidade de Russas (CE), a 80 km da capital Fortaleza. Abandonado pelo pai e renegado pelos irmãos, foi adotado por Maria da Paz e seu marido. Aos 13 anos, sonhava em ser cantor para gravar discos de sucesso, porém, “a voz não ajudava”, relatou a mãe adotiva durante uma entrevista (Diário de Natal, 1982, ed 1579, p. 6). Passou então a almejar o serviço militar e tornar-se sargento, plano frustrado devido a uma passagem pela polícia. Saiu de casa aos 16 anos para tentar a vida nas cidades próximas e, depois, em São Paulo, local em que trabalhou com seu tio. Ganhou a alcunha de Fernando da Gata pela facilidade que tinha em escalar muros e esgueirar-se pelos telhados e becos para cometer crimes. Realizou diversos assaltos no Rio Grande Norte, Ceará, Paraíba, São Paulo e Minas Gerais. Segundo os registros policiais, é responsabilizado por pelo menos quatro assassinatos, 49 estupros e dezenas de invasões de propriedades. Sobreviveu a uma caçada permeada de incongruências e veio a óbito no dia 03 de setembro de 1982, em Pouso Alegre, Minas Gerais, a mais de 2.500 quilômetros da sua cidade natal.

É sobre esse “causo” que este trabalho debruça-se, visto que, ao adentrar no curso de jornalismo, e ter minhas primeiras crises e questionamentos, nunca foi negado pelos docentes do curso que a prática jornalística é permeada de fissuras, rastros e brechas. Sendo assim, penso que a história de Fernando também é a história de seus crimes e dos locais por onde passou e, principalmente, da cidade em que morreu. Ao olhar para os registros já existentes acerca do caso, e também para outros materiais veiculados, em áudio e em vídeo, que retratam partes da história, não me proponho a construir a verdade sobre o caso, mas propiciará uma tentativa de adicionar mais um conto a esse ponto nevrálgico da cidade de Pouso Alegre.

O projeto, em formato de podcast, é uma tentativa de (re)contar a história desse sujeito e de suas ações, ao passo em que percebo algumas incongruências nos jornais e no fazer jornalístico, principalmente nas problemáticas do “true crime”, na espetacularização acerca de casos sensíveis, e sobretudo, a ética envolvida em produções sobre casos semelhantes.

A construção deste podcast fundamenta-se em um referencial teórico que explorou as especificidades do formato podcast, com destaque para a produção de conteúdo jornalístico nesse meio. Conceitos como narrativa, errância e montagem foram cruciais para a elaboração do projeto. A pesquisa enfrentou desafios inerentes à produção, como a obtenção de documentos e a negociação com fontes, além de questões técnicas relacionadas à gravação e à edição. Ao longo da execução, imprevistos como a impossibilidade de organizar os horários com o estúdio de gravação e a necessidade de escalar outras vozes para gravação se fizeram presentes.

É importante destacar o interesse pessoal pelo caso de Pouso Alegre, minha cidade natal e que entrou em temor social durante o final de agosto e início de setembro de 1982, em razão da presença de Fernando da Gata. Até hoje os moradores reverberam esse passado, ocultando alguns fatos e revelando outros. Elaborando narrativas que possibilitaram a produção e o estudo do caso em questão. O que torna esse projeto um trabalho pessoal mas também coletivo com os moradores daquele município do Sul de Minas.


Pedro Henrique Oliveira de Souza (Idealizador, produtor e repórter)

Phellipy Pereira Jácome (Orientador)

Jessica Karoline de Almeida Santos (Coorientadora)

NÚMEROS DO PODCAST

3

Episódios

1

Temporadas

2025

Criação

Galeria de Imagens

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